2.11.06

MoJos e Kikas no jornalismo online

Uma das palestras da conferência da ONA era sobre essa mais nova categoria de jornalistas: MoJo ou Mobile Journalist. Uma galera que não tem a obrigação de dar as caras na redação do impresso. Aliás, nem tem mesa e cadeira para eles lá. Mas que ficam conectados 24h, com laptop e câmera de vídeo, mandando notícias em tempo real e funcionando como um elo de ligação entre o jornal e comunidade local.

Alguns ficam livres para fazer as matérias que quiserem. Outros recebem pautas específicas a apurar.

Diferentemente do que já temos aqui no Brasil - repórteres de produtos impressos que passam notícias que estão em apuração por meio de seus celulares - lá nos EUA e na Europa a briga hoje é para conseguir montar um plantão com notícias que não tenham como fonte apenas os serviços das agências de notícias. Ninguém lá passa flash como a gente faz aqui.

Por isso, criaram os tais MoJos.

Mas será que isso funciona?
A mídia tradicional de lá encara como um experimento. Redações menores e com menos recursos humanos vendem como uma grande e eficiente inovação.

Eu não acredito que seja a melhor forma ou rotina para fazer jornalismo em tempo real, mas concordo que para a cobertura de cidade, bem local, poderia ser uma boa alternativa sim. O problema é que para essa função só se pensa em recém-formados. Nada contra os jovens. Mas pq não colocar um experiente jornalista, cheio de fontes, também para trabalhar remotamente?

Pq ter uma mesa e uma cadeira numa redação ainda é diretamente proporcional ao prestígio que o coleguinha tem no mercado. Ainda é assim. Em pouco tempo, pode não ser mais.

Mas também não acredito na possibilidade de todos sermos abduzidos e transformados em Kikas, a célebre personagem do filme homônimo de Pedro Almodóvar. Para fazer multimídia, tempo real, há que se pensar, saber o que está fazendo. Dá para fazer um vídeo e um texto numa única saída? Até dá. Mas há que se ter prioridade. E cérebro para tomar as decisões acertadas.