30.6.05

Link patrocinado ou conteúdo de verdade?

Aliás, a mesma pesquisa da consultoria Harris Interactive do post abaixo mostra que quatro em cada 10 internautas não percebe a diferença entre os horrorosos links patrocinados e os links de conteúdo que aparecem ao fim das buscas nas ferramentas.
Não sabe o que é?
São uns links esquisitos e que em geral tem muito pouco a ver com o que vc está procurando de verdade.Mas que rendem um bom dindin para quem os hospeda, desde que vc, mesmo sem querer, clique neles.

AG e PG: a vida antes e depois das buscas

Eu e alguns coleguinhas comentávamos na semana passada: como era a nossa vida sem o Google?? As ferramentas de busca mudaram muito a rotina das redações - e são um convite à mediocrização, acusam alguns críticos - mas jogue a primeira pedra quem não as usa ou nunca as usou.
Mas assim como nós, jornalistas, as usamos, os leitores cada vez mais também as utilizam para fazer pesquisas de notícias antigas e DIÁRIAS!!!!
Pesquisa da consultoria Harris Interactive com mais de 2 mil usuários de web em idade adulta mostra que 64% usam as ferramentas para obter informações sobre fatos do dia-a-dia. Sim, essa gente não está indo aos sites dos grandes jornais ou redes de TV para se abastecer de notícias. Simplesmente abrem o Google, digitam o assunto e tcharã: ali está o que eles querem!!! Desses 1,3 mil usuários, 45% estão em busca de opiniões ou informações adicionais sobre os assuntos. Uma bela ameaça à audiência dos sites de notícias, não?

Correndo atrás dos teens

De olho no segmento que é a esperança de recuperação para a circulação dos jornais e para uma futura venda de conteúdo, o El Pais lançou seu site jovem. Levantamento da Associação Européia de Publicidade Interativa mostra que os espanhóis entre 15 e 29 anos usam a rede para se comunicar com amigos (68%), escutar e compartilhar músicas (50%), comprar (20%) e ler jornais (36%).
O EP3.com é completamente feito em flash, recheado de multimídia, imagens e tem uma navegação ultra-confusa (será que jovem gosta mesmo de ficar perdido sem saber onde clicar?). A publicidade também chega em formatos diferentes. E a interatividade é fortíssima. Para quem quiser conferir: www.elpais3.com

O mistério dos domingos

Recebi os dados da tabela abaixo de um colega de trabalho. Ele não sabe dizer qual é a fonte. Mas vamos analisar os números pela ordem de grandeza. Mostram que em 2005, ao fim da década de estabilização da moeda brasileira e quando a internet no Brasil completa dez anos de vida, os três principais jornais do país de circulação nacional amargam um forte baque nas vendas aos domingos em relação a 1995. Apesar de vídeos, CDs, enciclopédias e DVDs distribuídos a rodo em promoções com a edição dominical.

A maior queda é da Folha, com recuo de 73%. O Globo caiu 60% e o Estadão, 41%. Nos veículos mais regionais a queda também é expressiva: O Dia caiu 52% - lembrando aqui que a entrada do concorrente Extra é o fator mais significativo para o movimento ladeira abaixo. No Estado de Minas o recuo foi de 21%.

Destaque para Correio Braziliense e Zero Hora com crescimento positivo (6,7% e 0,8%, respectivamente).

Qual será o motivo? O advento online? A queda na renda da classe média? A concorrência maior de outras fontes de informação (rádio, canais de notícia)? O que acontece aos domingos?

Edições impressas dominicais 1995/2005

Circulação média aos domingos dos principais jornais

Veículo 1995 2005

Folha de São Paulo 1.417.876 386.197

Estadão 517.780 304.156

Diário Popular (Diário de SP) 161.410 91.004

O Globo 960.393 384.949

O Dia 529.370 254.873

Correio Popular (Campinas) 60.114 46.773

Zero Hora (Porto Alegre) 248.333 250.753

Estado de Minas 151.796 118.157

Diário de Pernambuco 71.632 55.143

Jornal do Commercio (Recife) 91.609 58.727

O Liberal (Belém) 98.433 93.113

A Notícia (Joinville, SC) 30.255 32.911

Gazeta do Povo (Curitiba) 116.093 85.984

Folha de Londrina 67.749 37.755

O Popular (Goiânia) 53.938 51.363

Correio Braziliense 89.943 95.841

A Tarde (Salvador) 116.249 79.906

A Gazeta (Vitória) 75.162 45.988

A Tribuna (Vitória) 12.478 67.055

29.6.05

Geração espontânea de conteúdo

Sinergia virou palavrão em muitas empresas de mídia.
Eu particularmente a vejo como o grande desafio para o futuro das corporações que são produtoras e distribuidoras de conteúdo. Integrar vários formatos de conteúdo e os entregar da forma mais personalizada ao consumidor (veja: consumidor e não apenas leitor) só é possível se os fluxos de produção e edição estiverem o mais integrados e próximos possível.
Mas como mudar a cultura?
Como fazer com que o comando a enxergue sem focar apenas em redução de gastos e mais rentabilidade?
Como fazer que os jornalistas que estão na ponta de produção acreditem que é possível, enxerguem empregabilidade e novas perspectivas e deixem de lado o sentimento de estão-apenas-tirando-o-meu-sangue-para-lucrar-mais?
Definitivamente, acredito mais e mais que a sinergia é a terceira via.
Não a vejo como redução de pessoal e sobrecarga de trabalho.
E sim, como reorganização inteligente de funções e prioridades.
Foco no mercado, no leitor e no futuro.
E com gente, muita gente.
Porque nunca haverá geração espontânea de conteúdo, nem de inteligência.

28.6.05

Tempos pós-modernos

Um helicóptero cai sobre o auditório de uma faculdade na zona sul do Rio às 19h. As melhores fotos publicadas do acidente em um jornal local são as feitas por um estudante.
Com um simples celular.
Ah, isso porque nesse dia ele estava sem a câmera digital de 7.0 megapixels com a qual anda diariamente.

Mais $$$$$$ para publicidade online

Os gastos com publicidade online devem crescer 7,6% nos EUA este ano, estima a consultoria TNS Media Intelligence. Apesar de ainda ser um número bom, o crescimento é inferior aos dos dois últimos anos, que foi de dois dígitos. Os comerciais em TV a cabo e mídias para população de língua espanhola terão uma expansão mais robusta, de 11,6% e 10,5%, respectivamente. Os dados foram apresentados hoje numa conferência em Nova York para agências de publiciade, anunciantes e especialistas em mídia.

A mesma consultoria prevê crescimento 7,5% para os anúncios em revistas, 5,5% para mídia externa (por exemplo outdoors) e de apenas 3,8% para os jornais. A receita total com publicidade nos EUA deve atingir os US$ 145,3 bilhões este ano, crescimento de 3,4% em relação a 2004. No ano passado a expansão dos gastos com publicidade foi bem mais significativa: 9,8% em relação a 2003. Os consultores lembram dois fatos para o melhor desempenho no ano passado: eleições e jogos olímpicos.

Interatividade e tempo real, as atrações

Os leitores ouvidos também disseram ao instituto Nielsen que a grande atração do conteúdo online são os fóruns de discussão, os blogs editoriais e o acompanhamento de algumas notícias em tempo real ( o bom e velho plantão ). Os homens americanos lêem mais notícias online do que as mulheres. O levantamento mostra que da base de leitores online nos EUA 53% são do sexo masculino.

Os top five nos EUA

O levantamento do instituto Nielsen também mostra os top five em acesso: NYTimes.com é o primeiro da lista, com 11,3 milhões de visitantes únicos no mês de maio. O segundo lugar é do USAToday.com com 9,2 milhões, seguido do LATimes.com e seus 3,8 milhões de visitantes e o SFGate.com ( site do San Francisco Chronicle), com 3,4 milhões de unique visitors.

Migração do papel para o online continua

Os jornais impressos seguem perdendo mais e mais leitores para os sites de internet nos EUA. A informação é da pesquisa Nielsen/NetRatings divulgada nesta terça e que ouviu 36 mil pessoas. Segundo o levantamento, cerca de 21% dos leitores que antes liam os impressos hoje se informam através dos sites on-line.

27.6.05

Só as crises valem a pena?

Assistimos no último mês o país mergulhado na pior crise do Governo Lula. E a mídia cumpre seu papel, enchendo o leitor de denúncias por todos os lados ( fundamentadas ou não), mas também esclarecendo, clareando relações e gerando opinião.
Como foi no governo Collor e as denúncias de corrupção que levaram ao impeachment.
Como foi no governo FH e o escândalo da privatização do sistema Telebrás.
Mas quando será que os jornalistas vão perceber que é possível fazer um jornalismo melhor e não apenas no cenário de tormenta. Afinal, os profissionais são quase os mesmos. As corporações também. O que muda é o caminho que se escolhe.

Vejam o que disse o historiador José Murilo de Carvalho ao ombusdman da Folha, Marcelo Beraba, ao ser perguntado se a imprensa escrita está cumprindo seu papel no acompanhamento desta crise:

"O outro ponto [a favor dos jornais] são os articulistas e as páginas de opinião. Apesar da internet e da TV, eu diria que é aí que a classe média faz a sua cabeça. Não é apenas a notícia em si mas a reflexão sobre a notícia, a análise sobre a política. E isso a televisão não faz. Nesse sentido, não vejo perda de importância dos jornais."

Google no Brasil este ano

Segundo matéria da Folha de S. Paulo neste domingo, o site de buscas aumentará a representação que já tem em SP para um escritório de verdade ainda em 2005. A idéia é fruto da repercussão do Orkut por aqui. O moscovita naturalizado norte-americano Sergey Brin está de olho também no mercado para produtos como o GoogleFusion, que permite ao usuário montar sua página de notícias (como já fazem os portais) com conteúdos de grandes grupos. Já fazem isso com NYT e BBC. Outra oportunidade seria o Google Enterprise, para buscas em intranets ou outros bancos de dados corporativos. Para quem quiser ler ( e tiver senha UOL) aqui

26.6.05

Eu sou você amanhã?

Em Lawrence, uma pequena cidade nos EUA, um grupo de comunicação com gestão familiar desenvolve um modelo de negócio crossmedia que, aos olhos de quem só leu uma reportagem no NY Times hoje, parece ser um sinal de que há luz no fim desse longo túnel, simplesmente porque há gente tentando.
Ok, vcs vão argumentar: a cidade é mínima, a circulação do jornal é de 20 mil exemplares, a distribuição de renda na região é acima do padrão e a tal família Simons goza de um monopólio local, cujos negócios vão de TV a cabo e telefonia a jornal e publicação online.
Eu rebato: mas eles assumiram riscos tecnológicos, financeiros e de relacionamentos interpessoais que outros cartolas da mídia evitariam e evitam.
Criaram uma redação única em 2001 num grande galpão, reunindo as equipes de TV, jornal e online. O executivo do grupo disse a seus editores e repórteres que eles fariam mais que simplesmente trabalhar ombro a ombro; compartilhariam pautas, investigações e tarefas, gostassem ou não.
Deu certo?
A reação dos coleguinhas foi a mesma de qualquer lugar. Muitos detestaram e se sentem explorados quando lhes pedem para combinar tarefas da mídia impressa, televisiva e online num mesmo dia. Profissionais do jornal relutam em dividir pautas ou idéias com seus colegas da televisão, que reage reciprocamente. Mas já conseguiram que um fotógrafo de 67 anos que trabalha lá há mais de 10 anos escreva, fotografe e faça vídeos, mesmo nunca tendo pego numa câmera de vídeo antes.
Explica o tal executivo sobre a sinergia: "Se você demonstrar respeito pelas pessoas e não as tratar como uma mercadoria, você tem rédeas livres. É o que estamos fazendo aqui."
Do diretor de novas mídias do grupo, sobre o jornalismo atual: "Acreditamos que o jornalismo tem sido um monólogo há muito tempo, e este é o momento perfeito para que se torne um diálogo com nossos leitores. Queremos que os leitores pensem que o jornal é deles, e não nosso."
Para quem quiser ler: no NYT
Para quem quiser conhecer o site online do grupo: http://www.ljworld.com/

Toda informação tem preço e leitor

Recebi outro dia um e-mail de venda de uma newsletter sobre a concordata da Varig. Pela bagatela de US$ 45 por edição eu poderia receber a tal newsletter com dados dos processos, "uma lista dos 29 locadores de aviões da transportadora; uma visão geral do tropeço financeiro da companhia, um sumário da Nova Lei de Falências e uma revisão detalhada das ações da transportadora aérea para impedir os locadores de confiscarem seus aviões".
Ok, não entendi porque mandaram essa proposta para mim, mas me surpreendeu ainda mais ver que a tal consultoria americana já vende informações sobre processos de falência por e-mail faz tempo.

Jornal de ontem


Como já disse, trabalho num site de notícias e sou viciada em internet. Num domingo decidi dar uma navegadinha para ver como estava a edição. Meu filho de sete anos me acompanhou nessa rodada e viu surpreso comigo a notícia do roubo do quadro "O grito", de Edward Munch. Também passamos pela página de esportes e vimos a foto da vitória de uma dupla brasileira de vôlei de praia numa fase do mundial.
Na segunda, pela manhã, saíamos de casa, quando tropeçamos com o jornal que assinamos na porta. Lá estavam as duas fotos. Na mesma hora, meu filhote alertou: Ih, mãe, entregaram o jornal de ontem para a gente!
É, camaradas, que desafio temos pela frente...

Abertos ou fechados, eis a questão...

Você lê jornal todo dia? Tem assinatura ou lê na internet?
Uma das questões que povoam as cabeças dos executivos do mercado de mídia impressa brasileiro é se as edições dos veículos na web devem ser fechadas (com acesso por meio de assinatura) ou abertas. O Estado de São Paulo saiu na frente e lançou a sua. Em PDF, com busca e arquivo das últimas 30 edições, um pouco árida para quem chega, mas com uma noção mais clara da edição impressa para o leitor. Tem até agora cerca de 800 assinantes. Muito ou pouco? Bastante, se pensarmos que este é um mercado novo. Pouco, quando a intenção é associar esse número à carteira de assinantes do impresso, reduzindo assim o impacto da queda de circulação.
Outros jornais estudam esse mesmo caminho.
O grande desafio aqui é imaginar o que levaria o leitor a topar a opção web, quando boa parte do noticiário fast-food já está disponível hoje nos sites. Qual seria o diferencial? As notícias exclusivas? Os colunistas? A edição web tem que entregar algo a mais?
Tem que ser mais barata? Você assinaria?

Menos riscos às árvores?

A circulação dos jornais impressos despenca em todo o mundo. Nos EUA, dados do relatório de maio do Audit Bureau of Circulations, órgão semelhante ao nosso IVC, mostra uma queda de 1,9% na circulação diária e de 2,5% na dos domingos.
Boa notícia para os online?
Sim e não.
SIM, porque de alguma forma pode fazer com que os magnatas da mídia percebam a real necessidade de investir em uma nova forma de contar histórias, com mais multimídia e sinergia de verdade, equipamentos e profissionais mais bem pagos.
NÃO, porque se os impressos forem mal, as chances de crescimento dos online se reduz ainda mais. A virtude está no meio do caminho. Criando interatividade e fazendo com que os leitores se enxerguem nos dois produtos.

Contar bem boas histórias

A idéia de começar o blog vem me atormentando há muito tempo.
Assim como me atormentam todas as discussões sobre o fim do jornalismo impresso com a queda das circulações dos jornais e o advento dos online.
Comecei na profissão escrevendo em máquina de escrever.
Assisti a chegada dos micros. A descoberta do e-mail como ferramenta de trabalho. A internet como fonte de pesquisa nas redações. E seu nascimento como meio de comunicação.
Trabalho num site de notícias de uma grande corporação de mídia há quase seis anos.
Hoje me considero uma xiita. Não me vejo trabalhando em outra frente, em uma redação convencional. Muitos dos coleguinhas não entenderam o que está se passando. E outros nem querem entender. Não defendo só as notícias na web, nos celulares, onde mais ela possa chegar.
Defendo que o jornalismo seja bem feito.
E isso é hoje mais do que nunca contar bem boas histórias.
É desse sopão de mudanças e contrastes que este espaço pretende cuidar