16.10.05

Copa 2006: Valorização ou armadilha?

A Fifa anunciou esta semana que as imagens/fotos dos jogos da Copa no próximo ano só poderão ser publicadas em sites de internet após uma hora do término das partidas. Argumenta que é para proteger os veículos que compraram os direitos de transmissão.

Sendo Polyanna: estão enfim valorizando a web como uma mídia importante nesse tipo de cobertura!

Sendo realista: perde o leitor que deixa de ter a opção on line, em especial, quando não estiver perto da TV. E os sites de notícias que, ainda não sendo um mídia de alta rentabilidade como a TV, não terão como arcar com os estratosféricos valores dos direitos de transmissão.

Como será que os criativos editores de sites jornalísticos vão sair dessa armadilha?

Jornais mergulham na onda dos blogs

De olho num público que quer mais que a notícia em sua mais pura natureza, os sites de jornais paulistanos se dobraram à onda dos blogs, já explorada por alguns portais brasileiros (Uol/ Fernando Rodrigues).
Até este mês, o Globo Online era o único site de jornal com blogs de jornalistas no ar. Já são mais de 25, em todas as áreas e assuntos.
Há duas semanas, Ricardo Noblat anunciou que está a caminho do Estadão.
Hoje, a Folha colocou no ar o blog de seu colunista Josias de Souza.
Bom para os leitores que terão um leque maior de comentaristas com quem debater na web.
Em tempo: o blog de Noblat tem entre 30 e 50 mil acessos dia. O do Moreno recebe em torno de 10 mil visitantes únicos.
Não é nada, não é nada, é muito: público qualificado e que sabe o que pode e quer.

13.10.05

Mais do mesmo: a morte do impresso

Para desespero dos coleguinhas que continuam agarrados ao papel, surge mais uma previsão de morte para esse formato de mídia. Dessa vez foi o editor-chefe da mais importante revista de tecnologia do MIT, Jason Pontin, quem colocou o dedo na ferida. Aconteceu durante uma conferência sobre jornalismo em Atlanta, na presença de cerca de 60 profissionais de revistas independentes.
Pontin acredita que o jornalismo impresso está marcado para morrer não só pelo adiantado avanço da mídia digital, mas também pelo crescimento do jornalismo cidadão e dos gratuitos.
- Se há um futuro no jornalismo impresso ele passa ao largo do modelo de negócio bancado pela publicidade - diz ele, alertando os colegas para a necessidade de usar a internet para fidelizar os leitores.
Para mostrar de onde vem tamanha certeza, mostra os resultados da própria revista que edita. Sua carteira de assinantes caiu de 315 mil para 250 mil este ano, o que o forçou a uma elevação no preço da assinatura. Na comparação com o ano passado a revista amarga uma queda de 20% na receita com publicidade e de 25% no número de páginas editoriais este ano.
Pontin afirma que o momento é de acreditar na força dos leitores. É hora de ouvi-los e perceber sua capacidade de escolher suas próprias formas de encontrar notícias, independentemente da plataforma e das marcas que chancelam esse conteúdo. A busca por conteúdo no futuro próximo, acredita ele, será por autor, assunto ou freqüência.
Quem não prestar atenção a essas demandas do consumidor tenderá a sumir do mercado.

10.10.05

Quem quer só notícias do bem?

Um empreendedor do Texas lançou há três meses um site onde só são publicadas notícias boas. O www.happynews.com só tem histórias de verdade e positivas e conta com correspondentes locais (moradores de Austin, Texas).
O site não noticiou nada por exemplo sobre a passagem do furacão Rita pela região. Hoje, com 30 mil mortos em um terremoto na Ásia, também não há nem uma linha sobre a devastação da região.
Minha curiosidade cruel: como será a audiência?
Quem navega por esse site mais de uma vez na vida?
Em todo o mês de agosto, o site teve 70 mil visitantes únicos.
Eu adoraria viver num mundo onde não houvesse desgraça e tragédia, crime e perversão.
Mas essa não é a nossa realidade.
Aqui no Brasil o iG tentou algo parecido e lançou há quatro anos a idéia de que passaria um dia inteiro só publicando notícias positivas.
Não conseguiu. O tal dia escolhido foi 11 de setembro de 2001.

9.10.05

Fast-food Meia-Hora vai se firmando

A aposta do grupo O Dia de ampliar sua circulação no Rio de Janeiro com um jornal quase gratuito está saindo melhor que as estimativas da concorrência. O tablóide matutino Meia-Hora está vendendo perto de 30 mil exemplares diariamente. E já não é tão difícil ver alguém com ele na mão pela cidade.
Ok, o projeto gráfico é um clone do Extra e o conteúdo rasteiro pode ser lido em cinco minutos. Mas o preço de R$ 0,50 parece estar agradando quem quer apenas informação fast-food.
Vamos aguardar agora o Que Notícia!, tablóide da irmã Carvalho dissidente do grupo O Dia, que será lançado ainda em outubro.

A lealdade do internauta com o local

Uma nova pesquisa da Nielsen/NetRatings mostra que os leitores de notícias online são fiéis aos sites de jornais tradicionais da região onde vivem. Na média da pesquisa, esses sites atingem cerca de 20% da audiência em seus mercados.
O washingtonpost.com tem penetração de 30% entre os internautas da capital americana, seguido pelo Boston.com e o AJC.com com 28,3% e 26,4% de suas respectivas vizinhanças. Em Nova York, o NYT.com tem 21,9% e em Chicago o ChicagoTribune.com fica com 21% dos navegantes locais na web.
A pesquisa mostra ainda que um quinto dos leitores que lêem jornais o fazem exclusivamente online, mas 72% dos leitores online ainda acessam o impresso.

Chicagocrime.org vence prêmio

A notícia é de quase um mês, mas queria registrá-la aqui. O site chicagocrime.org venceu o grande prêmio de inovação no jornalismo promovido pel Jlab. Para quem não conhece, é um serviço público e iniciativa particular do jornalista Adrian Holovaty. Permite que os usuários façam buscas por tipo de crime, região, vizinhança e delegacias próximas em toda Chicago.
Ah, mas Adrian já não está mais lá: foi contratado pelo WashintonPost.com para ser o editor de inovação do site.

Curtas: blogs e interatividade nos EUA

* Depois de muito apanhar por conta de seu posicionamento em relação à administração Bush, a CBS lançou um blog chamado Public Eye onde os leitores podem questionar editores e repórteres (da Tv e do online) sobre notícias e linha editorial. Até agora é um sucesso.

* O Washingtonpost.com fechou parceria com o buscador de blogs Technorati para incluir links relacionados de blogs em seus artigos. Uma forma de buscar o leitor que vem criando sua próprio rede de informação e notícia e saber como está repercutindo o conteúdo do site na blogosfera

* O grupo Knight Ridder lançou um projeto de jornalismo participativo para complementar seu jornal na carolina do Sul, o The State, e se aproximar dos leitores. Vinte e cinco moradores locais são correspondentes do jornal, com blogs que tratam de astronomia a artes plásticas.

Integrando redações no Estadão

A reboque de uma forte reestruturação interna, o Estadão anunciou há cerca de um mês a integração das redações (online e impresso).
Ousadia? Inovação? Hummm, não arrisco, mas tenho a impressão que é muito mais marketing que uma operação de fato pensada para fazer um jornalismo de melhor qualidade.
Falo isso sem qq dor-de-cotovelo ou remorso.
Para mim, o Estadão é o único jornal brasileiro que ainda traz algum atrativo e diferencial para o leitor do papel.
Mas o fato é que a companhia precisa enxugar e enxugar custos. E acaba vendo na integração uma forma de obter o bom e velho bordão do "mais por menos" (o NYT depois do lindo anúncio de integração anunciou que vai cortar 700 postos, uns 70 na redação).
É óbvio que de alguma forma será produzida uma nova forma de fazer online e impresso. Mas a reação dos coleguinhas foi péssima e não ouvimos notícia de nenhum trabalho visando melhoria da cultura interna ou análise dos novos processos pelos profissionais que vão dividir ombros e baias na única redação.
Por isso, insisto: sinergia mal pensada e conduzida é mais problema que solução.

4.10.05

O homem, o tempo e a mídia

Podem chiar à vontade, criticar, mas em plena cybercultura a televisão ainda é a grande mídia de massa com maior penetração na vida do homem pós-moderno, seguida de pertinho do RÁDIO. É isso que mostra uma pesquisa feita nos EUA por grupo da Ball State University que estuda o impacto das várias mídias na rotina diária das pessoas. O computador fica com metade do tempo gasto diante da telinha da TV. Alguns pontos interessantes do estudo:
1. A maior parte das pessoas fica 30% do seu dia exposta à TV. Em alguns casos acompanhados pelos pesquisadores o tempo gasto em frente à TV chega a 70% do dia.
2. Na média, a mídia com maior exposição além da TV é o computador - juntando o tempo gasto com e-mail, MSN e leitura de notícias e documentos.
3. TV, vídeos e jornais têm a maior média de utilização nos fins de semana nesta ordem
4. Celulares ainda são pouco utilizados como mídia, mas estão 95% do tempo com seus donos
5. 56.9% da exposição a algum tipo de mídia acontece em casa, 21% no trabalho, 8,3% no carro e 13,7% em outros locais (???)

A conclusão da pesquisa é que nos dias de hoje o homem não tem como se livrar da mídia: há sempre alguma por perto. Para ver a íntegra do estudo clique aqui

Sem tempo

Ok, este blog continua vivo sim. A falta de tempo em meio a centenas de apresentações e reuniões tem impedido uma atualização mais freqüente.